Portal Indígena: Semeando Futuros
[Ativação Urbana]  
2023


A proposta "Portal Indígena: Semeando Futuros", foi  selecionada na primeira convocatória LAPIS América Latina promovida pela Fundação FEMSA e Fundação Placemaking México para criar Lugares Amigáveis para a Primeira Infância  e escrita junto à Frente Indígena do Floresta Cidade (projeto de extensão e pesquisa da FAU UFRJ).
A proposta foi pensada para a Aldeia Marak’ana no Rio de Janeiro com o desafio de tentar descobrir coletivamente “Qual o lugar da criança indígena na construção de futuros socialmente justos e ambientalmente viáveis para a sociedade brasileira e latino-americana?”

Inauguração do espaço para as crianças, imagem de @caianomidam.


Prancha da proposta para a Aldeia Marak’ana.


A Aldeia Marak’ana é um um espaço de preservação e valorização da cultura indígena, que desde 2006 representa a retomada indígena na cidade do Rio de Janeiro, se consolidando como um local de referência para o movimento indígena nacional e internacional. É um ponto de encontro para diversas etnias para morar, estudar ou visitar, gerando uma confluência de saberes e experiências.

O desafio do projeto foi cocriar junto às crianças indígenas e cuidadores locais um espaço que melhorasse as condições do pleno exercício das sociabilidades. Além disso, sobre o asfalto deveria ser feita uma intervenção de qualificação territorial de baixo custo e baixo impacto ambiental, que viesse a enaltecer espaços e formatos não convencionais de educação, valorizando a sabedoria ancestral que nos traz a natureza como o próprio espaço do brincar.

A intervenção prioriza a sustentabilidade ambiental, com foco no fortalecimento de ações de preservação da Natureza e educação ambiental para a Primeira Infância. Como exemplo, atividades de regeneração em uma perspectiva ambiental inseparável aos modos de pensar, fazer e viver dos povos originários, uso de resíduos em brincadeiras e oficinas, retirada do asfalto e sua reutilização na bioconstrução, reflorestamento, preservação da biodiversidade com árvores nativas que atraem fauna e tecnologias ancestrais. Já a sustentabilidade econômica aparece na preservação do meio ambiente e seus recursos naturais considerando o desenvolvimento econômico dos habitantes. Inserida em uma economia circular, possibilita gerar renda por práticas ancestrais, sustentáveis e limpas, como oficinas de compostagem, autonomia alimentar (saudável) por hortas e árvores frutíferas, oficinas de artesanato indígena e venda de produtos agroflorestais. E na sustentabilidade social, destaca-se o incentivo à coletividade, o fortalecimento de um território educador, com práticas que estimulem a autonomia, curiosidade e pertencimento.

A intervenção visa materializar ensinamentos indígenas que valorizam a Natureza como o próprio espaço de brincar. Dentro da cosmovisão dos povos originários, para uma criança “são oferecidas atividades educativas para que aprenda enquanto brinca e brinque enquanto aprende, num processo contínuo que irá fazê-la perceber que tudo faz parte de uma grande teia que se une ao infinito”, conforme escreveu o ativista indígena brasileiro Daniel Munduruku no livro “A milenar arte de educar dos povos indígenas”. Para isso, como eixo estruturante da intervenção, quebramos o asfalto no local para ter a terra como protagonista. Plantamos árvores nativas, criamos ‘morrinhos’ com barro vermelho, criamos um pequeno lago e uma floresta de postes de madeira multiusos a fim de criar um circuito conectado com todos os elementos pré existentes na aldeia, buscando um território livre e educador para as crianças. A intenção também é ampliar a atmosfera de “floresta urbana” para que as crianças possam aflorar suas vontades e curiosidades, instigando sua liberdade, seus estímulos e seus limites em harmonia com a natureza.

Imagem de @caianomidam

Imagem de Joana Baumg

Implantação da Aldeia Marak’ana.

Isométrica do espaço pensado para as crianças.


Imagem de Joana Baumg
Imagem de Joana Baumg


Equipe: Coletivo TransLAB.URB (Isadora Scopel Simon, Leonardo Boezio Márquez, e Humberto Damilano).
Floresta Cidade (Ana Carolina Caldas, Beatriz Santos, Iazana Guizzo, Júlia Auler e Laura Tapajós)
Localização: Aldeia Marak’ana, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Ano de conclusão da obra: 2023

Área total construída (m2): 130 m2


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